Há alguns meses [provavelmente já terão passado uns anos, pois a
minha noção de tempo mudou drasticamente desde que fui mãe] ouvi dizer que
seria possível tirar licenciaturas em três anos. Certamente que as
especificidades serão diferentes das ditas licenciaturas tradicionais, mas,
mesmo assim, pensei cá para o colchete do meu sutiã:
SE assim é, podemos tirá-las à dúzia e depois temos prá troca. Ou
seja, Se assim é, que valor tem uma licenciatura de 3 anos em comparação com a
outra dita tradicional - E essa frequência universitária de 3 anos não era o Bacharelato?
É mais ou menos como a valorização do 12.º ano tradicional e o das Novas Oportunidades. Nada contra, mas se estamos a desmembrar o tradicional, com que parâmetros nos iremos guiar?
É mais ou menos como a valorização do 12.º ano tradicional e o das Novas Oportunidades. Nada contra, mas se estamos a desmembrar o tradicional, com que parâmetros nos iremos guiar?
E… eis não quando dei de caras com uma aplicação na internet para
fazer o meu curriculum virtual – Eu fiz… e durante o processo, perguntavam-me
quantas vezes ia ao ginásio e se preferia dança ou outra coisa qualquer… e ás
tantas, disse cá para o colchete do meu sutiã:
Mas estamos a falar de um curriculum para trabalhar ou para tempos
livres? Querem mesmo saber o quanto me posso dedicar a uma empresa, projecto ou
objectivo, ou estão mesmo é interessados em saber se caibo em determinados
parâmetros… e já agora desde quando é que os seres humanos são tão facilmente
parametrizados? E já agora, como é que sei a que parâmetro pertenço? E se quero?...
Quando há uns tempos surgiu nas redes sociais um alerta “Cuidado
com as informações que pões no teu perfil e comentários que fazes!” porque as
empresas usam esta ferramenta como meio de selecção, fiquei como que intrigada,
mas para mim fez todo o sentido, visto que também eu já fui cuscar um ou outro
auditor, uma ou outra figura pública, cliente, vizinho “and so on”. Mas concluí
que se trata mesmo, e tão somente, de cuscar.
Ora agora pergunta-me o colchete do meu sutiã:
Estaremos a precipitar-nos se deixarmos de
entrevistar alguém que tem um “bom curriculum” porque tem um mau perfil ou
blogue? Ou, fará isto sentido? – Por via das dúvidas, é melhor deixar de falar
com o colchete do meu sutiã, é que este facto deve ser facilmente parametrizado.
Hoje, dou de caras com um artigo que diz haver sites em que
mediante a sua utilização e os resultados que se obtêm, assim a sua “carta de recomendação”.
Passo a explicar:
Mediante a utilização de jogos, obtêm-se um determinado resultado,
que nos caracteriza em termos comportamentais, de conhecimento e de aptidão. Estas plataforams
estão portanto a medir o que valemos, e isso pode ou não, dar-nos um posto de
trabalho. É como se fosse uma análise ao sangue – Jogamos um jogo e o resultado
das análises caracteriza-nos quanto a colesterol, glicose, triglicéricos…
Interessante?! Assustador?! Ainda não me decidi.
Que os valores estão a mudar, parece-me que sim.
Valerá a pena tirar uma licenciatura, ou bastará às nossas
crianças adquirirem conhecimento por essa ou outras vias e conseguirem um bom desempenho
nestas plataformas? E será que esta realidade apenas valerá para as nossas crianças? Também me parece que não - à velocidade que comunicamos, é-nos facilmente exigível que tenhamos de vir a construir uma reputação virtual.
Respostas, não tenho.
Eu, por enquanto vou testando estes sites/plataformas e vou
tentando enquadrar-me num mundo em que quem não usa as novas tecnologias verá a
sua existência resumida à existência – digamos que não estará parametrizado.
E que bom que seria ser um desses seres que não têm rasto
tecnológico, vivendo a sua vida numa cabana à beira mar, numa recôndita ilha,
que de tão pequena não constaria do Google Maps. Pois, mas esta temática dá pano
para mangas, e pelo que se diz por aí, já há muito estamos num Big Brother
mundial, mas que isso não é do conhecimento geral.
Enfim… Cusquices.