quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Licenciaturas tradicionais Condenadas

Há alguns meses [provavelmente já terão passado uns anos, pois a minha noção de tempo mudou drasticamente desde que fui mãe] ouvi dizer que seria possível tirar licenciaturas em três anos. Certamente que as especificidades serão diferentes das ditas licenciaturas tradicionais, mas, mesmo assim, pensei cá para o colchete do meu sutiã:
SE assim é, podemos tirá-las à dúzia e depois temos prá troca. Ou seja, Se assim é, que valor tem uma licenciatura de 3 anos em comparação com a outra dita tradicional - E essa frequência universitária de 3 anos não era o Bacharelato?
É mais ou menos como a valorização do 12.º ano tradicional e o das Novas Oportunidades. Nada contra, mas se estamos a desmembrar o tradicional, com que parâmetros nos iremos guiar?

E… eis não quando dei de caras com uma aplicação na internet para fazer o meu curriculum virtual – Eu fiz… e durante o processo, perguntavam-me quantas vezes ia ao ginásio e se preferia dança ou outra coisa qualquer… e ás tantas, disse cá para o colchete do meu sutiã:
Mas estamos a falar de um curriculum para trabalhar ou para tempos livres? Querem mesmo saber o quanto me posso dedicar a uma empresa, projecto ou objectivo, ou estão mesmo é interessados em saber se caibo em determinados parâmetros… e já agora desde quando é que os seres humanos são tão facilmente parametrizados? E já agora, como é que sei a que parâmetro pertenço? E se quero?...

Quando há uns tempos surgiu nas redes sociais um alerta “Cuidado com as informações que pões no teu perfil e comentários que fazes!” porque as empresas usam esta ferramenta como meio de selecção, fiquei como que intrigada, mas para mim fez todo o sentido, visto que também eu já fui cuscar um ou outro auditor, uma ou outra figura pública, cliente, vizinho “and so on”. Mas concluí que se trata mesmo, e tão somente, de cuscar.
Ora agora pergunta-me o colchete do meu sutiã:
Estaremos a precipitar-nos se deixarmos de entrevistar alguém que tem um “bom curriculum” porque tem um mau perfil ou blogue? Ou, fará isto sentido? – Por via das dúvidas, é melhor deixar de falar com o colchete do meu sutiã, é que este facto deve ser facilmente parametrizado.

Hoje, dou de caras com um artigo que diz haver sites em que mediante a sua utilização e os resultados que se obtêm, assim a sua “carta de recomendação”. Passo a explicar:
Mediante a utilização de jogos, obtêm-se um determinado resultado, que nos caracteriza em termos comportamentais, de conhecimento e de aptidão. Estas plataforams estão portanto a medir o que valemos, e isso pode ou não, dar-nos um posto de trabalho. É como se fosse uma análise ao sangue – Jogamos um jogo e o resultado das análises caracteriza-nos quanto a colesterol, glicose, triglicéricos…

Assim, está a emergir um novo conceito – a reputação virtual.

Interessante?! Assustador?! Ainda não me decidi.

Que os valores estão a mudar, parece-me que sim.

Valerá a pena tirar uma licenciatura, ou bastará às nossas crianças adquirirem conhecimento por essa ou outras vias e conseguirem um bom desempenho nestas plataformas? E será que esta realidade apenas valerá para as nossas crianças? Também me parece que não - à velocidade que comunicamos, é-nos facilmente exigível que tenhamos de vir a construir uma reputação virtual.

Respostas, não tenho.

Eu, por enquanto vou testando estes sites/plataformas e vou tentando enquadrar-me num mundo em que quem não usa as novas tecnologias verá a sua existência resumida à existência – digamos que não estará parametrizado.

E que bom que seria ser um desses seres que não têm rasto tecnológico, vivendo a sua vida numa cabana à beira mar, numa recôndita ilha, que de tão pequena não constaria do Google Maps. Pois, mas esta temática dá pano para mangas, e pelo que se diz por aí, já há muito estamos num Big Brother mundial, mas que isso não é do conhecimento geral.


Enfim… Cusquices.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Leitura de Rompante

Actualmente a minha criança está com quatro aninhos. Trata-se de uma conquista muito grande ter tempo para ler um livro, principalmente para mim que sou uma leitora desenfreada, pois quando sou agarrada por um livro, adoro lê-lo de seguida. Ora, gostar de ler um livro como se se tratasse de ver um filme sem intervalo para pipocas, pode tornar-se difícil nesta fase da minha vida que voltei a brincar com plasticina e a andar de bicicleta na rua, ou ainda, por muito que me irrite, a jogar persistentemente os níveis dos jogos da Wii. Valeu a ajuda da minha cara-metade, que me chamava à terra quando tínhamos afazeres familiares.

Depois da casa limpa e arrumada, e dos rapazes estarem entretidos com as novas tecnologias, sorrateiramente esgueirei-me até ao escritório em busca de um livro que ainda não tivesse tido oportunidade de ler.

Descobri um livro cujas folhas ainda pareciam intactas, como se tivesse sido impresso e colocado directamente na prateleira. Fiquei surpresa pela forma como o livro aparentava ser tão novo e também
porque Paulo Coelho é um dos meus escritores preferidos. Efectivamente tenho memória curta, ou algo parecido, pois não raras vezes releio livros como se fosse a primeira vez. O livro é o grandemente conhecido - Na Margem do Rio Piedra eu Sentei e Chorei.

De entre muitas coisas, diz-se que a leitura é um meio para estímulo do cérebro, que alivia o stress, que te transporta para outra realidade abstracta por via do pensamento e imaginaçao, que nos traz cultura e conhecimento. Mas estas são apenas algumas das muitas razões porque devemos ter o habito de ler, estas e outras estão muito bem descritas neste link da lista dos 100 benefícios da leitura - http://fernandajimenez.com/2012/03/07/os-100-beneficios-da-leitura/ . Para mim ler um livro é acima de tudo a possibilidade de poder estar acompanhada na minha solidão, sem preocupação se tenho rede wifi ou bateria. É poder tomar café no jardim ou embrulhar-me confortavelmente num sofá e… voar. É um momento meu, do autor e das suas personagens.

Este livro em concreto tem uma linda mensagem sobre o amor. Nos tempos de liceu fazia parte dos TPC (ainda se lembram desta sigla?!) analisar o livro e depois fazer a sua apreciação. Hoje, fora dos compromissos académicos, dou-me ao luxo de dizer apenas se aconselho ou não aconselho a leitura de um determinado livro. Quem me pede opinião conhece-me o suficiente para saber sobre a minha postura no mundo e por esta razão apenas e só digo: Muito bom livro - Independentemente do título, Paulo Coelho tem o dom da escrita e os seus livros são viciantes.


Obrigada universo pelas horas que me deste no aconchego do meu egoísmo e me permitiste a leitura deste livro esquecido na prateleira do escritório. Mas como é que é possível? Será mesmo que nunca o tinha lido? Se assim foi e acreditando que tudo chega na hora certa, ainda bem que o li agora, permitindo-me uma aproximação com o meu Deus e com o Amor. 

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Escreve um livro, cria uma criança e planta uma árvore

Quanto a plantar uma árvore, tá feito. Trata-se de um ser que nos vai mostrando o passar dos anos, o amadurecimento, as crises, as pragas, as manifestações de folhas verdinhas e cheirosas, folhas castanhas e aborrecidas e de vez em quando floresce, para alegria dos meus sentidos.


Portanto, o meu limoeiro não é grande e nem sempre é viçoso. Há cerca de dez anos que o plantei e sempre achei que não teria grande futuro. Era raro dar limões, e quando dava, eram jóia rara pois não passavam de meia dúzia. Mas nunca devemos dar nada por adquirido – até mesmo o limoeiro me espantou – o ano passado deu limões e limõezinhos. Foram tantos, deu para mim e para os vizinhos. Ora serviam para temperar, para fazer limonada, para aromatizar os bolos e até para fazer caipirinha – deliciosa e humanamente muito bem acompanhada.

Quanto a criar uma criança, tá uma grande confusão. É um facto que sou uma mãe muito feliz de um menino lindo - lembrando agora a fábula da mãe coruja, todas as mães acham os seus filhos lindos. Mas caramba… esta história de criar uma criança tem pano para mangas. Ainda hoje não entendo aquele dizer antigo “As crianças criam-se.”. Para mim isto está tão longe da realidade – é que na verdade elas não se criam simplesmente por existirem, ou pelo menos não é assim que eu vejo as coisas. E isto para mim é temática não para um livro, mas para alguns… ou quem sabe para uma enciclopédia… E não digo isto por mim, que ainda agora comecei a odisseia de criar um filho, digo-o pela minha mãe, sogra e avós, e cada vez mais, também o digo pelos homens da família, que depois de terem supostamente criado os seus filhos, ainda andam preocupados com os seus “filhotes”.

O que é um facto é que se sentarmos diferentes gerações de pais a uma mesma mesa, certamente que vão andar às turras sobre modelos educacionais e seus percursos de vida. Assim sendo, acredito que criar um filho é uma questão de amor, sensibilidade e intuição. Ah… mas claro que o mais importante são carradas e carradas de paciência, acompanhadas, de preferência, pelas carradas e carradas de paciência da nossa alma gémea.

Quanto a escrever um livro, pensei num romance.
Mas aborreci-me logo ao início.
É que a vida tem tantas coisas para pensar, que não me apeteceu ter de optar apenas por uma tramóia, enredo ou se quiserem por um percurso pré-definido.

E assim, nasceu este blogue que me permite debitar sentimento, deduções, elações e expor a condição de escritora para toda a vida. Ora vejamos o fundamento:

Quando nos longínquos tempos do 12º ano me disseram que iríamos fazer uns testes psicotécnicos... Estagnei. A seguir informei-me sobre o que era isso dos testes psicotécnicos. E depois… duvidei. Mas, lá fui fazer os testes.

Na altura, e apesar de estar no 12º ano, parecia que a universidade era uma realidade distante. Eventualmente terá sido esta a razão para ter estagnado. Depois informei-me e até comparei os ditos testes psicotécnicos com os testes que preenchia na revista “Maria” ou noutra qualquer da altura, estes sempre relacionados com a personalidade, signo e amores.

Efectivamente a minha dúvida persistia. Parecia-me pouco provável que uns testes me pudessem dizer qual a área onde teria mais “sucesso” – afinal de contas, os testes de personalidade, signos e amores nem sempre tinham batido lá muito certo.

As horas que estive fechada naquela sala, foram decerto das mais cansativas que tive até hoje. Passados uns dias, fui à reunião com a psicóloga que fez a apreciação dos testes, e mais uma vez – duvidei.

Ora, como é que uma pessoa que nem me conhece, saberá dizer-me para o que eu tenho mais apetência? Não obstante sempre gostei das aulas de psicologia, e ainda hoje guardo os manuais da altura e os da universidade. Enfim… Conclusão da reunião: “ A sua aptência para as letras e para a escrita é óbvia.”

Passados uns quantos anos, volto a cabeça para trás e concluo que grande parte da minha vida tem sido passada a escrever. Escrevo de tudo: diários, receitas, listas (de compras, de limpezas a fazer, de trabalhos por acabar), escrevo manuais e procedimentos – que muito se podem equiparar a livros, escrevo cartas, e-mails e tento manter a escrita de postais. Só há uma coisa que não gosto de escrever: SMS – as ditas mensagens de telemóvel… Haja paciência…

Assim sendo, e dando razão à Sr.ª Dr.ª Psicóloga, realmente a minha carreira e vida, tem sido efectivada através da escrita. E, para formalizar esta “forma de estar”, resolvi criar este blogue, que para mim deverá ser o mais aproximado a um livro, que alguma vez hei-de publicar. É que… escrevo com prazer e emoção, e para mim, isto não se coaduna necessariamente com as regras de pontuação. Desde já as minhas desculpas a quem gosta de ler algo com eito e preceito.

04/10/2013