sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Escreve um livro, cria uma criança e planta uma árvore

Quanto a plantar uma árvore, tá feito. Trata-se de um ser que nos vai mostrando o passar dos anos, o amadurecimento, as crises, as pragas, as manifestações de folhas verdinhas e cheirosas, folhas castanhas e aborrecidas e de vez em quando floresce, para alegria dos meus sentidos.


Portanto, o meu limoeiro não é grande e nem sempre é viçoso. Há cerca de dez anos que o plantei e sempre achei que não teria grande futuro. Era raro dar limões, e quando dava, eram jóia rara pois não passavam de meia dúzia. Mas nunca devemos dar nada por adquirido – até mesmo o limoeiro me espantou – o ano passado deu limões e limõezinhos. Foram tantos, deu para mim e para os vizinhos. Ora serviam para temperar, para fazer limonada, para aromatizar os bolos e até para fazer caipirinha – deliciosa e humanamente muito bem acompanhada.

Quanto a criar uma criança, tá uma grande confusão. É um facto que sou uma mãe muito feliz de um menino lindo - lembrando agora a fábula da mãe coruja, todas as mães acham os seus filhos lindos. Mas caramba… esta história de criar uma criança tem pano para mangas. Ainda hoje não entendo aquele dizer antigo “As crianças criam-se.”. Para mim isto está tão longe da realidade – é que na verdade elas não se criam simplesmente por existirem, ou pelo menos não é assim que eu vejo as coisas. E isto para mim é temática não para um livro, mas para alguns… ou quem sabe para uma enciclopédia… E não digo isto por mim, que ainda agora comecei a odisseia de criar um filho, digo-o pela minha mãe, sogra e avós, e cada vez mais, também o digo pelos homens da família, que depois de terem supostamente criado os seus filhos, ainda andam preocupados com os seus “filhotes”.

O que é um facto é que se sentarmos diferentes gerações de pais a uma mesma mesa, certamente que vão andar às turras sobre modelos educacionais e seus percursos de vida. Assim sendo, acredito que criar um filho é uma questão de amor, sensibilidade e intuição. Ah… mas claro que o mais importante são carradas e carradas de paciência, acompanhadas, de preferência, pelas carradas e carradas de paciência da nossa alma gémea.

Quanto a escrever um livro, pensei num romance.
Mas aborreci-me logo ao início.
É que a vida tem tantas coisas para pensar, que não me apeteceu ter de optar apenas por uma tramóia, enredo ou se quiserem por um percurso pré-definido.

E assim, nasceu este blogue que me permite debitar sentimento, deduções, elações e expor a condição de escritora para toda a vida. Ora vejamos o fundamento:

Quando nos longínquos tempos do 12º ano me disseram que iríamos fazer uns testes psicotécnicos... Estagnei. A seguir informei-me sobre o que era isso dos testes psicotécnicos. E depois… duvidei. Mas, lá fui fazer os testes.

Na altura, e apesar de estar no 12º ano, parecia que a universidade era uma realidade distante. Eventualmente terá sido esta a razão para ter estagnado. Depois informei-me e até comparei os ditos testes psicotécnicos com os testes que preenchia na revista “Maria” ou noutra qualquer da altura, estes sempre relacionados com a personalidade, signo e amores.

Efectivamente a minha dúvida persistia. Parecia-me pouco provável que uns testes me pudessem dizer qual a área onde teria mais “sucesso” – afinal de contas, os testes de personalidade, signos e amores nem sempre tinham batido lá muito certo.

As horas que estive fechada naquela sala, foram decerto das mais cansativas que tive até hoje. Passados uns dias, fui à reunião com a psicóloga que fez a apreciação dos testes, e mais uma vez – duvidei.

Ora, como é que uma pessoa que nem me conhece, saberá dizer-me para o que eu tenho mais apetência? Não obstante sempre gostei das aulas de psicologia, e ainda hoje guardo os manuais da altura e os da universidade. Enfim… Conclusão da reunião: “ A sua aptência para as letras e para a escrita é óbvia.”

Passados uns quantos anos, volto a cabeça para trás e concluo que grande parte da minha vida tem sido passada a escrever. Escrevo de tudo: diários, receitas, listas (de compras, de limpezas a fazer, de trabalhos por acabar), escrevo manuais e procedimentos – que muito se podem equiparar a livros, escrevo cartas, e-mails e tento manter a escrita de postais. Só há uma coisa que não gosto de escrever: SMS – as ditas mensagens de telemóvel… Haja paciência…

Assim sendo, e dando razão à Sr.ª Dr.ª Psicóloga, realmente a minha carreira e vida, tem sido efectivada através da escrita. E, para formalizar esta “forma de estar”, resolvi criar este blogue, que para mim deverá ser o mais aproximado a um livro, que alguma vez hei-de publicar. É que… escrevo com prazer e emoção, e para mim, isto não se coaduna necessariamente com as regras de pontuação. Desde já as minhas desculpas a quem gosta de ler algo com eito e preceito.

04/10/2013

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